Em um mês de ausência tentei colocar as coisas de volta nos
eixos. Não gosto de festas de fim de ano, talvez por não ver de forma tão
otimista essa ideia de renovação que as festas de fim de ano trazem. Não
escolho roupas novas, não faço planos ou metas só pelo “ano novo”. Sou
bagunçada por natureza e organizada por T.O.C.; meus livros, minhas roupas,
meus esquemas de estudos e meus planos de vida. Aprendi desde cedo que a melhor
maneira de seguir algo é traçando uma reta.
Meu único plano para uma simples virada de ano é não ter
planos, não me frustro por não conseguir realizar as metas de ano novo, para
não me desmentir diante dos meus amigos vou confessar que o único plano que fiz
para 2014 foi sair menos e, diga-se de passagem, ainda não consegui realizar.
Em 2013 levei um solavanco da vida para acordar para a
realidade;
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Arquivo Pessoal |
trabalhar, conflitar relacionamentos e manter uma vida universitária
me fizeram ver que para ser um “jedi” você só precisa de força de vontade. 2013
entrou após uma virada de ano sem expectativas alguma, decidi nos 45 minutos do
segundo tempo onde passaria e esse “improviso” foi o ponta pé inicial para um
ano recheado de surpresas. As magias medievais e renascentistas de janeiro, as
velhas imagens do Recife até abril, as cores de uma corrida, a marca na pele de
uma amizade de outras vidas, o show de Caetano, a fidelização de uma amizade
que sempre esteve presente e não tinha sido percebida, concessões e frustrações,
filosofias existencialistas, aventuras do paladar e os sentimentos que explodem
num ato que, para muitos é simples e para mim é tão complicado.
O autoconhecimento alimentar; o que comer, como comer,
quando comer, se tornou o centro das minhas preocupações. Comer não pelo
prazer, mas pelos nutrientes oferecidos por aquilo que você ingere. Ter
sabedoria do paladar, que através de um pequeno toque na língua você já consiga
identificar se algum ingrediente daquela receita vai te fazer mal. Não é coisa
de outro mundo, é apenas o treinamento dos sentidos, é você dominar seu corpo e
fazer com que ele trabalhe a seu favor e dessa forma não ser pego de surpresa.
Surpresa, uma das poucas palavras que, dependendo do
contexto, pode ser boa ou ruim. Dualidade, opostos, contravenções; e disso tudo
é feito o mundo. Certa vez me perguntaram o que eu fazia para fechar ciclos de
vida, respondi que cortava os cabelos; se fizessem essa pergunta hoje, diria
que escrevo para que as marcas da mudança não fiquem apenas em fotografias, mas
que possam ser revividas nostalgicamente, para que eu compreenda que seria
necessário passar por tudo que já cheguei para chegar onde estou.
Lembre-se: um ex-gordo vê o mundo diferente de um magro.