segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Um Parto

Nove meses se passaram desde a última vez que escrevi para esse blog, talvez numa tentativa desnecessária de deixar o passado onde ele deve sempre ficar. Durante muito tempo não entendi o que a História queria realmente me ensinar, agradeço de coração à todos aqueles que faziam pouco das minhas linhas de pesquisa, pois se não fosse por eles eu não sentiria cada vez mais vontade de continuar. No fundo tudo na vida da gente é assim; precisamos sempre provar algo para alguém para descobrir que não precisamos provar nada pra ninguém (vide Quase Sem Querer – Legião Urbana).

Nunca pensei que em nove meses pudesse acontecer tantas coisas na minha vida e tantas coisas que influenciariam diretamente no meu crescimento. Muitos primeiros e muitos não últimos. Mudanças de ponto de vista e de comportamento, mas afinal quem é unicamente algo é tão sem graça, né?

Não sei se por estar trabalhando em um local que inspira a filosofia intrínseca do ser humano passei a refletir mais sobre opostos. Talvez por ser geminiana e, de vez em quando, passear pelas crenças do zodíaco.
Há poucos dias afirmei em uma conversa que me senti estagnada nesses nove meses de ‘improdutividade’, que a mente que era tão fértil parecia ter secado e que desse solo jamais sairia algo que não fosse metodicamente acadêmico e engessadamente histórico. E acreditem em mim, a história pode ser engessada. Talvez por isso que no colégio ela não possua tantos seguidores quanto outras disciplinas, acho que agora eu consiga me enxergar muito mais como uma educadora do que como uma professora. Pequenos detalhes que geram uma infinidade de diferenças, então nunca diga que você vai ser GUIADO por um monitor do museu, causa a revolta da maioria e rebaixa a classe dos MEDIADORES ou ARTE-EDUCADORES que trabalham todos os dias, sorridentes e serelepes nos museus desse mundão de meu deus!

Foto: Marinez Texeira

Desde muito cedo aprendi que os livros me proporcionariam aventuras incríveis, talvez por isso tenha passado tantos anos comprando essas preciosidades que embriagam com o odor que exalam e nos levam para mundos paralelos, bons ou ruins você é quem determina o fluxo do rio, se for cansativo é só trocar de livro... Precisei me auto avaliar para perceber que nem tudo que a vida proporciona está restrito aos livros, que existe todo um mundo fantástico para ser descoberto fora das páginas e que nós precisamos nos permitir viver, mesmo que seja necessário pisar em solo desconhecido, sair da nossa segurança... Pular de bump jump e confiar que a corda não vai partir e que não vamos virar piche!

Eu era chata, nossa como eu era chata! Não sei como meus amigos de infância me aguentavam e me aguentam até hoje, muito da minha chatice se foi, mas muito dela permanece. Se eu a perdesse completamente não seria eu; o ser humano precisa assumir seus defeitos para que possa usufruir da evolução que conquistou. E é tão bom olhar para trás e ver que mudamos e que tais mudanças nos favoreceram no presente, não é? Carlo Levi diz que “o futuro tem um coração antigo” e por aqui deixo vocês com um gostinho de quero mais.

Lembrem-se: um ex-gordo vê o mundo diferente de um magro!