domingo, 22 de julho de 2012

A perna da calça



Ser sempre questionada. Parece piada, mas é a realidade de qualquer ser humano. Contando fábulas, minha mãe me explicou que é impossível agradar à todos que nos cercam. Aprendi, então, a julgar o certo e o errado, a tirar minhas conclusões e ser responsável por elas. Pela vida, aprendi a diferença de ‘aUtossuficiência’ e ‘aLtossuficiência’, vi que é IMPOSSÍVEL fazer qualquer coisa SOZINHO. Qualquer ser vivente, seja ele animal ou vegetal, necessita de outro para sobreviver.
Durante muito tempo encarei meu problema como sendo meu e nunca pensei que o fato de ter problemas de saúde por conta do peso desestruturava minha família, deixava meus amigos receosos e os estranhos olhavam para mim com pena. Sinal de que nossas atitudes atingem as pessoas de um modo diferente e convergente, porque apesar de cada um apresentar uma reação de certo modo me tornei a preocupação de muitos.
Quando eu decidi me operar pensei, em primeiro lugar, na minha saúde. Depois vieram pensamentos sobre autoestima, disposição, felicidade. Não busquei a cirurgia como quem busca um milagre, curti cada momento do pré e pós-operatório. Claro que “no pain, no gain” (sem dor, sem ganho), no meu caso perda de peso.
Já ouvi muito de algumas amigas/irmãs da minha mãe “Diga que eliminou peso, que é para nunca mais achar”. E talvez eu deixe brecha para tal pensamento quando eu digo que não quero voltar a engordar, mas as pessoas não entendem que eu não achava ruim quando pesava 108,7 kg e usava tamanho 52. Por estar gorda durante 17 dos 21 anos que tenho aprendi que a vida é muito mais metafísica (além do físico) do que parece. Para tudo existe mais de um lado, não pensem que perder 40kg e usar tamanho 40 tem só bônus.


Lembrem-se: um ex-gordo vê o mundo diferente de um magro.
Até a próxima postagem.

sábado, 14 de julho de 2012

-Postura, mocinha!

Felizes daqueles que viveram a tal “Idade das Trevas” e não passaram pelo processo civilizador no período do Renascimento Cultural! Sim, felizes. O processo civilizador incutiu na cabeça das pessoas que determinados comportamentos humanos não eram apropriados para serem divididos em uma ‘sociedade’. Deveriam permanecer restritos a um meio privado, familiar, oculto para a visão de outrem. Daqui ‘sairiam’ os futuros Lords e Ladies ‘civilizados’.
Baseado nos contos, sagas e lendas foram trazidos para os nossos dias os personagens ditos ‘perfeitos’ da Disney. Toda menina sonha em ser princesa e para isso você precisa estar presa à cor rosa, ser magra e ter cabelos lisos (para não dizer nascida em família europeia). Fora a síndrome de Barbie que você tem que ter mil roupas, mil sapatos, mil bolsas para se adequar à moda.
Desde criança eu me encontrava na margem da ditadura social que é a moda. É bem difícil arrumar roupas de criança para uma menina de 11 anos que pese 83 Kg e isso me incomodou por muito tempo. No fim da minha adolescência e início da idade adulta passei a ignorar determinados atos de discriminação que sofri por ser gorda, é um bullying silencioso onde olhares dizem exatamente o que passa na cabeça de quem nos olha.
Sexta-feira (13) fez 1 ano que eu passei por um procedimento intitulado de ‘Gastroplastia’ ou, popularmente conhecido como, ‘Redução de Estômago’. Cheguei a pesar 108,7kg e atingir um IMC de 39,55 (obesa). Durante 3 anos alimentei um blog de temática idêntica a este (Lendas de uma Gordinha) e neste ano que, para mim,  foi de adaptação a minha nova condição de ex-gorda pensei bastante no início de um outro projeto.
O ‘Lendas de uma ex-Gordinha’ vem para dar voz ao observador (eu, risos) condicionado durante 20 anos a um ‘corpo’ que velozmente começa a encenar um papel que antes só fazia parte de um imaginário platônico.




Até a próxima postagem.
Lendas de uma ex-Gordinha, porque um ex-gordo vê o mundo diferente de um magro.